No Dia Nacional do Idioma, especialistas explicam como o domínio da língua impacta a participação social e como o poder público trabalha para uma comunicação mais acessível a todos.
Celebrado anualmente em 5 de novembro, o Dia Nacional da Língua Portuguesa vai muito além de homenagear nosso idioma. Instituída por lei em 2006, a data ressalta o português como um patrimônio vivo, fundamental para a construção da nossa identidade cultural e, principalmente, como um instrumento de inclusão social e exercício da cidadania.
Com mais de 260 milhões de falantes espalhados por quatro continentes, a língua portuguesa é um elo que conecta nove países. Mas, dentro de cada nação, ela ganha vida própria, adaptando-se e evoluindo com seu povo.
O Domínio da Língua Abre (ou Fecha) Portas
Para a cidadania plena, saber se comunicar com clareza é crucial. A professora doutora Márcia Letícia Gomes, do Instituto Federal de Rondônia (Ifro), explica que o domínio do idioma impacta diretamente a posição social do indivíduo.
“Uma comunicação correta e assertiva pode facultar o acesso a espaços e, por outro lado, as dificuldades no uso da língua vão interditar a passagem por alguns ambientes”, destaca a especialista.
Ela ainda alerta para a influência das desigualdades sociais no desenvolvimento linguístico. “O acesso aos estudos e materiais é determinante no pleno desenvolvimento do falante do idioma”, afirma. Além disso, a era digital traz novos desafios, com a comunicação acelerada das redes sociais, que exige consciência para não transferir abreviações e gírias para contextos formais.
O Compromisso do Poder Público com uma Linguagem Acessível
Se a língua é uma ferramenta de inclusão, o poder público tem o dever de usá-la para se conectar com todos os cidadãos. Na Assembleia Legislativa de Rondônia (Alero), esse compromisso é colocado em prática diariamente.
Natália Lima, analista legislativa e doutoranda em Comunicação, conta que a Casa busca garantir uma comunicação institucional acessível e inclusiva. “Isso se expressa na preocupação com recursos de acessibilidade como legendas, audiodescrição e intérpretes de Libras, além da valorização da diversidade de vozes nas pautas”, explica.
A analista também ressalta que o idioma está em constante transformação, incorporando novas expressões e reflexões vindas do mundo digital e de debates contemporâneos.
Neutralidade e Clareza para Servir a Todos
Em uma casa de leis que representa toda a sociedade, a linguagem deve ser guiada pela transparência e pelo respeito. Isabella Lopes, analista legislativa e mestra em Letras, enfatiza que a comunicação da Alero deve ser compreensível para todos os cidadãos.
“A Assembleia Legislativa deve orientar todas as suas ações em função do povo. Com a linguagem não deve ser diferente”, afirma Isabella. Ela ressalta a importância da neutralidade e da clareza para assegurar que as comunicações não privilegiem grupos específicos, respeitando a diversidade ideológica, cultural e religiosa.
Um Patrimônio que Une e Transforma
A língua portuguesa é, portanto, muito mais que um conjunto de regras gramaticais. É um organismo vivo, um elo dinâmico que conecta o cidadão ao poder público, o indivíduo à coletividade e a tradição à inovação.
Celebrar o Dia Nacional da Língua Portuguesa é reconhecer seu papel essencial na construção de uma sociedade mais democrática, inclusiva e consciente. Neste 5 de novembro, fica o lembrete: comunicar bem é um ato de cidadania

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