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Lula articula frente de solidariedade à Venezuela na CELAC em resposta a manobras militares dos EUA

O presidente Lula deu uma coletiva de imprensa na Malásia – MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL


Presidente brasileiro deve liderar manifestação de apoio a Caracas durante cúpula na Colômbia, enfatizando a América do Sul como zona de paz. Chanceler Mauro Vieira garante que posição não impactará negociações comerciais com Washington.

Porto Velho - RO – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve liderar, na próxima sexta-feira (7), uma manifestação de solidariedade regional à Venezuela durante a Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) com a União Europeia, em Bogotá, Colômbia. A iniciativa é uma resposta direta às recentes ações militares dos Estados Unidos no Caribe, vistas pelo governo brasileiro como uma escalada de tensão na região.

De acordo com informações do jornal O Globo, corroboradas por declarações do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o objetivo de Lula é expressar a preocupação coletiva dos países latino-americanos com as manobras norte-americanas e reafirmar o compromisso com a solução pacífica de controvérsias.

A posição do governo brasileiro foi explicitada pelo chanceler Mauro Vieira. “É uma solidariedade regional à Venezuela, tendo em vista que o presidente tem dito repetidamente que a América Latina e, sobretudo, a América do Sul, é uma região de paz e cooperação”, declarou Vieira. A articulação em torno de Caracas sinaliza um esforço de Lula para reafirmar sua liderança e a política de integração regional, um eixo central de seu mandato.

Tensão no Caribe acende alerta diplomático



O estopim para a reação diplomática foram relatos do New York Times de que os Estados Unidos enviaram navios e caças de combate para a região do Caribe e Porto Rico. Oficialmente, a justificativa é o combate ao tráfico de drogas. No entanto, analistas internacionais e fontes ouvidas pelo jornal norte-americano alertam que as operações podem configurar execuções extrajudiciais, afastando-se de uma simples ação policial.

O cenário de incerteza se agrava com a possibilidade de ações mais diretas contra a Venezuela. Fontes citadas pelo NYT indicam que o governo do presidente Donald Trump, em sua gestão, chegou a considerar ataques a unidades militares venezuelanas e até mesmo a destituição do presidente Nicolás Maduro. Embora nenhuma decisão definitiva tenha sido tomada na época, a mera consideração de tais opções gerou alarme entre os vizinhos da Venezuela.

Agenda comercial com EUA permanece intocada, garante Itamaraty

Em meio à discordância geopolítica, o chanceler Mauro Vieira foi categórico ao afirmar que a posição crítica às ações dos EUA não deve afetar as negociações comerciais bilaterais em andamento. “Os contatos com os Estados Unidos dizem respeito, sobretudo, a questões comerciais e bilaterais”, completou o ministro, traçando uma linha clara entre os desentendimentos políticos e a parceria econômica.

A separação entre os dossiês reflete a complexa teia de relações internacionais, onde divergências estratégicas podem coexistir com fortes laços comerciais. O Brasil busca, assim, manter sua autonomia para criticar ações que considere destabilizadoras, sem abrir mão dos benefícios de uma relação econômica sólida com uma de suas maiores parceiras.

Lula na COP30: agenda dupla de cúpulas



Enquanto articula o apoio diplomático à Venezuela, o presidente Lula mantém uma agenda intensa em Belém, sede da COP30. Nesta quarta-feira (5), o chefe de estado realizou uma série de reuniões bilaterais com líderes internacionais presentes na conferência do clima, recebendo os presidentes da Finlândia, Congo e Comores. À tarde, seu encontro com Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, ganha contornos especiais, antecedendo a cúpula Celac-UE onde o tema venezuelano será tratado.

A sobreposição de agendas – a ambiental, na COP30, e a geopolítica, na Celac – evidencia a estratégia do governo Lula de reposicionar o Brasil como um ator global relevante em múltiplas frentes, da crise climática à mediação de conflitos regionais. A viagem a Bogotá consolida esse movimento, colocando o presidente no centro de uma delicada discussão sobre soberania e paz no continente.

Fonte: Jornal Oglobo

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